Em poucos minutos de caminhada pelo Recanto das Emas, Riacho Fundo II e Ceilândia Oeste, é possível ver dezenas de famílias se preparando para o primeiro dia de racionamento de água da história do Distrito Federal. Baldes, panelas e caixas d’água recém-compradas armazenam o líquido. Hoje começa o regime de rodízio no fornecimento do recurso, que afetará cerca de 1,8 milhão de habitantes e não tem data para terminar. A situação é fruto dos baixos níveis da Barragem do Descoberto — ontem, a medição atingiu 19,3%. Em janeiro de 2016, o reservatório acumulava 45,77% de água.
O planejamento funciona em um ciclo de seis dias. Assim, cada localidade sofrerá a restrição de água uma vez por semana. Após as primeiras 24h de racionamento, o morador passará por 48h com o sistema instável e mais três dias com o serviço normalizado (veja o quadro abaixo). Ao todo, a medida destina-se a 15 regiões administrativas, equivalente a 65% do DF, abastecidas pelo rio Descoberto. As demais cidades, como o Plano Piloto, Lagos Norte e Sul, Itapoã e Varjão, não participarão do rodízio porque são atendidas pelo sistema Santa Maria/Torto.
O anúncio do racionamento atingiu em cheio as casas e os estabelecimentos que não contam com o fornecimento via caixas d’água na metragem da propriedade. É o caso da família de Elenci Soares, que mora no Recanto das Emas. Junto ao filho, cunhado e irmãos, às 15h40 deste domingo, a moça de 32 anos já limpava recipientes para acumular a água necessária ao dia de restrição — ao todo, quatro baldes e uma caixa d’água desativada de 500 litros, utilizada, usualmente, para o lazer, eram abastecidos com o líquido. “As crianças precisam muito dessa reserva, porque gostam de brincar na rua e chegam sujas. Também estamos estocando a água em vasilhas, na geladeira, para bebermos e fazermos a comida. Oito pessoas ficam em casa durante o dia, é impossível permanecer sem água”, afirma.
Correiobraziliense
