O presidente Michel Temer foi
gravado por um dos sete donos do grupo J&F, proprietário da marca JBS, a
maior produtora de proteína animal do mundo, dando aval para a compra de
silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A informação é do
colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo".
Segundo a reportagem, publicada
na plataforma on-line do veículo, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures
(PMDB-PR) para resolver a questão. Ele foi posteriormente filmado recebendo uma
mala com R$ 500 mil enviados por Joesley Batista.
O presidente teria ouvido do
empresário Joesley Batista, da JBS, que ele estava dando uma "mesada"
a Cunha e ao operador Lúcio Funaro na prisão para que ficassem em
silêncio. De acordo com o colunista,
Temer teria reafirmado: "Tem que manter isso, viu?".
A reportagem conta, ainda, que o
senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi filmado pedindo R$ 2 milhões a Joesley e que
a quantia foi entregue a um primo do tucano, em uma ação gravada pela Polícia
Federal.
R$ 5 milhões a Cunha
Nas gravações, Joesley disse que
pagou R$ 5 milhões a Cunha, após a prisão dele, em outubro do ano passado. O
ex-deputado foi condenado em primeira instância na Lava-Jato e, mesmo detido,
enviou perguntas a Temer sobre pagamentos em campanhas eleitorais.
De acordo com o que foi homologado
pelo ministro Edson Fachin, os sete delatores não serão presos e nem usarão
tornozeleiras eletrônicas. Uma multa de R$ 225 milhões será paga para livrá-los
das operações Greenfield e Lava-Jato, que investigam a JBS há dois anos. Essa
conta pode aumentar quando (e se) a leniência com o DoJ for assinada.
O presidente nacional da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, afirmou que é importante as
gravações citadas na reportagem serem tornadas públicas, na íntegra, o mais
rápido possível. "São estarrecedores, repugnantes e gravíssimos os fatos
noticiados por O Globo a respeito de suposta obstrução da Justiça praticada
pelo presidente da República e de recebimento de dinheiro por parte dos
senadores Aécio Neves e Zezé Perrella", comentou, em nota.
"A sociedade precisa de
respostas e esclarecimentos imediatos. As cidadãs e cidadãos brasileiros não
suportam mais conviver com dúvidas a respeito de seus representantes. Por isso,
as gravações citadas precisam ser tornadas públicas, na íntegra, o mais
rapidamente possível". Acrescentou que a apuração deve ser feita com
celeridade, "dando aos acusados o direito à ampla defesa e à sociedade a
segurança de que a Justiça vale para todos, independentemente do cargo
ocupado".
Correio braziliense