Um brasileiro que mora em Miami,
nos Estados Unidos, é apontado pela Polícia Civil do Rio como chefe da
quadrilha responsável por tentar entrar no Rio com 60 fuzis pelo Aeroporto
Internacional do Galeão. Ele está sendo procurado por policiais
norte-americanos. Nessa quinta-feira, a carga, avaliada em R$ 3 milhões, foi
interceptada pelos policiais ao desembarcar na cidade. O armamento, que seria
revendido para traficantes, estava dentro de filtros de piscina. As investigações
da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) e Delegacia Especializada em
Armas, Munição e Explosivos (Desarme) apontam que os fuzis - modelos AK-47, G3
e AR-10 - foram comprados legalmente nos Estados Unidos.
O homem procurado é dono de uma
empresa de importação e exportação de produtos e também lucra com a atividade
lícita. Ele, no entanto, utiliza-se da empresa para entrar no Rio também com
mercadoria ilícita. De acordo com as investigações da Polícia Civil, o suspeito
não fornece as armas para uma facção específica. Seu interesse é o lucro, por
isso ele negocia com quem estiver interessado nos produtos.
As investigações apontam ainda
que a quadrilha possui diferentes motoristas para entregar as armas nas favelas
de facções rivais - um deles é responsável pelas comunidades dominadas pelo
Comando Vermelho, e o outro, por aquelas comandadas pelos Amigos dos Amigos e
Terceiro Comando Puro. No Rio, o valor das armas varia entre R$ 50 e 70 mil.
A polícia acredita que o esquema
mantido pelo chefe da quadrilha, nos Estados Unidos, seja grandioso,
principalmente pela forma que os fuzis, que estavam novos, foram trazidos. Para
o armamento ser transportado, foi preciso abrir os filtros de piscina e
fechá-los novamente, já com o material dentro, para parecerem não ter sido
alterados. As armas foram envoltas em fita isolante e havia ainda isopor no
meio delas. Para envolver os filtros, foi usado papel alumínio.
A Secretaria de Segurança vai
pedir à Justiça que as armas sejam usadas pela polícia do estado. No Rio, o
AR-10 é utilizado pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e Batalhão de
Operações Especiais (Bope).
As investigações da Polícia Civil
começaram há cerca de dois anos, com a morte de um policial militar. Um dos
presos ontem é João Vitor Rosa da Silva, apontado pela polícia como homem de
confiança do chefe da quadrilha. As investigações apontam que ele, capturado
dentro de uma academia de ginástica em São Gonçalo, era o responsável por
negociar os armamentos com os criminosos. O braço direito de João Vitor também
foi capturado.
Os outros dois presos são o
motorista da empresa que faria o transporte da carga e o despachante
responsável pela documentação da mercadoria importada. Os policiais também
apreenderam no aeroporto sete caixas com 140 projéteis de munição 762, usados
nos fuzis AR-10.
Fonte: extra.globo.com