O Distrito Federal pode ganhar
até 8 bilhões de litros de água em suas reservas, caso a crise hídrica entre em
estado ainda mais crítico. A nova captação viria do volume morto do
Reservatório do Descoberto, que corresponde a cerca de 9% do total do
manancial. Descartada pelos órgãos reguladores no ano passado, uma proposta
avaliada em R$ 9,3 milhões para investimento emergencial na adequação da
captação do Descoberto está entre as metas da Companhia de Saneamento Ambiental
(Caesb) para uso do valor arrecadado com a taxa extra. A obra divide
especialistas, por se tratar de uma quantia de água tida como pequena e devido
à qualidade do recurso ser inferior, o que geraria mais custos no tratamento,
podendo resultar em aumento na conta dos brasilienses.
O volume morto é uma parte da
reserva de águas que fica abaixo do ponto onde os canos de captação da
concessionária costumam chegar. Chamada também de reserva técnica, a água tem
qualidade inferior à encontrada na superfície, com baixa oxigenação, por isso,
é reservada apenas a situações críticas, como as que o DF pode passar durante e
após o período de estiagem. O volume morto do Sistema Cantareira abasteceu o
estado de São Paulo por 535 dias, entre julho de 2014 e dezembro de 2015. Para
usar o sistema, foram investidos R$ 120 milhões em uma obra de dois meses.
O tamanho do volume morto do
Descoberto é bastante inferior ao do Cantareira, sendo suficiente para
abastecer o DF por menos de 30 dias, segundo a Caesb. Por meio da Assessoria de
Imprensa, a companhia afirmou que continua realizando estudos sobre melhorias e
adequações na captação do Descoberto. “Várias medidas estão sendo adotadas,
como a redução do consumo e de perdas de água no sistema e a construção de
novas fontes de captação de água para abastecimento. A reserva de recursos da
tarifa de contingência é uma medida preventiva, caso ocorram situações adversas
no futuro.”
Prós e contras
Professor de engenharia ambiental
da Universidade Católica de Brasília, Marcelo Resende acredita que a escolha
desse projeto é uma boa opção para o investimento de parte da quantia
arrecadada com a tarifa de contingência. “Ela nos deixa resguardados, pois,
mesmo com um aumento do nível dos reservatórios nos últimos meses, estamos
entrando na estiagem absoluta”, argumenta. Mas ele faz um alerta: “Isso é um
processo que vai encarecer a água.”
O professor Marco Antônio Souza,
do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB, acredita que a obra
poderia ser paga com o faturamento mensal da companhia. “Uma melhor aplicação
de montantes extras como esse seria para restauração de nascentes. Com um bom
estudo, poderíamos mensurar o quanto um trabalho de renovação de olhos d’água
poderia trazer de impacto no abastecimento, pois um investimento desse pode trazer
um resultado tão grande quanto a obra do volume morto, ou até maior”, pondera.
Fonte: Correiobraziliense.com
Fonte: Correiobraziliense.com