O corpo de uma das três vítimas
do acidente do Eixão Sul, ocorrido no sábado (11/8) e provocado por um detento
que estava no saidão de Dia dos Pais, foi velado e sepultado na manhã desta
terça-feira (14) no Cemitério Jardim da Consolação, em Luziânia (GO). O clima
entre parentes e amigos de Gizelda da Silva Mota, 39 anos, era de dor e
revolta.
Os familiares contam que Gizelda
saiu de casa na manhã de sábado (11), no Jardim Ingá, em Luziânia, para fazer
uma faxina em uma casa na W3 Sul. Após terminar o serviço, decidiu pegar uma
carona com Márcio Barbosa Oliveira, seu amigo, até a Rodoviária do Plano
Piloto. No terminal, pretendia pegar um ônibus para o Entorno do DF.
Os familiares de Gizelda a
esperavam para preparar a festa do Dia dos Pais. A diarista não chegou e, no
domingo (12), os irmãos entraram em contato com a família para a qual ela havia
feito a faxina. Foi aí que ficaram sabendo da tragédia. “A minha irmã não
merecia morrer assim. Uma mulher maravilhosa. Pai e mãe para as crianças dela
(uma menina de 15 e um bebê de um ano)”, disse o bombeiro hidráulico Reinaldo
da Silva Mota, 46.
Segundo ele, Gizelda era amiga de
todos, religiosa e caridosa. “Estamos destruídos com a partida dela. A saudade
estará sempre presente em nossos dias e até o fim da vida”, disse Reinado.
Além dele, a diarista deixa mais
quatro irmãs. Entre elas, a vendedora Raimunda Meire da Silva Mota, 43. “Não
conseguimos aceitar essa morte. Não há como perdoar esse criminoso que matou
inocentes e permaneceu vivo. O nosso maior receio é que volte às ruas e cometa
mais atrocidades na vida de outras famílias”, ressaltou, durante o velório.
Ela conta que irmã morreu a
caminho de casa para fazer um bolo para o patriarca da família, o aposentado
José Ferreira Mota, 67. “Além de comemorar o Dia dos Pais, também faríamos a
celebração do aniversário dele (no domingo). Ficaram todos destruídos com essa
notícia. Esperamos justiça. A única coisa que pedimos é para que não haja
impunidade para esse bandido”, frisou Raimunda.
A filha de Gizelda passou mal
durante o enterro é precisou ser amparada pelos parentes. O pai estava
inconsolável. Ele disse que estava sentindo uma tristeza profunda. “Não há como
expressar a dor de perder uma filha”, afirmou.
Crime
Gizelda pegava carona com Márcio
Barbosa Oliveira, 52, em uma Kombi. O homem trabalhava na Tarot Dona Dayane,
com sede na W3 Sul. Eles foram atingidos por um Mitsubishi TR4 branco,
conduzido pelo assaltante, e morreram no local. O corpo dela foi identificado
no domingo (12).
O acidente foi provocado por
Paulo Bras de Oliveira Júnior, 23. Segundo a Polícia Militar, o homem roubou o
relógio de uma mulher na 505 Sul quando foi visto por policiais. Para fugir,
ele fez tia e sobrinho, de 6 anos, reféns, roubando o Mitsubishi TR4 que
minutos depois bateu de frente com o carro onde estavam as vítimas.
Desgovernada, a Kombi colidiu com
outro veículo, um Ford Ecosport, na qual havia cinco ocupantes. As pessoas que
estavam na Ecosport foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros e encaminhadas ao
Instituto Hospital de Base (IHB). Entre elas, havia uma criança de 7 anos.
Um outro ocupante, Manoel José de
Sá, 73, foi internado em estado grave. Morreu nessa segunda-feira (13). “Eles
voltavam de um casamento, felizes, quando o bandido resolveu fazer uma manobra
no Eixão para passar para o outro lado. Foi um milagre eles terem saído com
vida”, disse uma amiga da família do idoso.
Em audiência de custódia
realizada na manhã dessa segunda-feira (13), no Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios (TJDFT), o juiz da 1ª Vara Criminal de Brasília
Aragonê Nunes converteu em preventiva a prisão em flagrante de Paulo Bras de
Oliveira Júnior. Com isso, ele perde o
benefício do semiaberto.
